Referência em captação de órgãos no Espírito Santo, a Santa Casa de Misericórdia Cachoeiro realizou, só este ano, 33 captação órgãos e tecidos. Uma iniciativa que levou esperança de uma vida melhor para diversas pessoas que estavam na fila do transplante.
Ao todo, foram captados 24 córneas, três fígados e seis rins. E para ampliar esse número, durante o Setembro Verde, mês de incentivo à doação, a Santa Casa realizou diversas ações para conscientizar a população sobre a importância desse gesto de solidariedade.
Entre as atividades, foram realizadas palestras em escolas, panfletagem com orientações sobre a doação para funcionários do hospital, além da participação da equipe da Santa Casa no VIII Simpósio Multidisciplinar das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).
A enfermeira da CIHDOTT da Santa Casa, Beatriz Colodetti, destaca a importância de a pessoa comunicar à família, em vida, o desejo de ser doadora.
“É a família que vai autorizar a doação. Por isso, é importante deixá-la avisada”, explicou.
Saiba mais sobre a captação
A captação dos órgãos acontece somente após a constatação de morte encefálica, ou seja, quando há completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Esse diagnóstico é realizado por uma equipe profissional por meio de exames de imagem, exames clínicos e exames laboratoriais.
Para ser um doador de órgãos, basta manifestar aos seus familiares o desejo de doar, pois é através da família que este desejo é concretizado. A doação de órgãos acontece após a constatação da morte encefálica do paciente.
O que podemos doar?
- Tecidos: córnea, medula óssea, pele, osso, tendão e válvula cardíaca.
- Órgãos: coração, pulmão, fígado, rim, pâncreas e intestino.
Quem recebe os órgãos?
Esses órgãos são encaminhados a receptores que aguardam por transplantes em uma fila de espera nacional. Cada órgão e tecido tem sua própria fila, que é gerenciada pela Central de Transplantes de cada estado, obedecendo aos critérios estabelecidos.
O que é morte encefálica?
É a morte do cérebro, incluindo o tronco cerebral, que desempenha funções vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem aparelhos, e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo.
Após a morte encefálica todos os órgãos morrem?
Sim. Alguns resistem mais tempo, como as córneas e a pele. Outros, como o coração, o pulmão, os rins e o fígado, sobrevivem por muito pouco tempo.
Há chances de os médicos errarem no diagnóstico de morte encefálica?
Não. O diagnóstico é realizado por meio de exames específicos e pela avaliação de dois médicos – sendo um deles neurologista – com intervalo mínimo de 6 horas entre as duas avaliações. Além disso, é obrigatória a confirmação do diagnóstico por, pelo menos, um dos seguintes exames: angiografia cerebral, cintilografia cerebral, doppler transcraniano ou eletroencefalograma.
Após a doação é possível saber para quem vai o órgão captado?
Não. A fim de evitar constrangimento aos familiares de quem recebeu o órgão, não é informado o nome dos receptores.
O corpo após a captação de órgãos ficará deformado?
A cirurgia para retirada dos órgãos é como qualquer outra, e os cuidados de reconstituição do corpo são obrigatórios por lei (Lei nº 9.434/1987). Após a retirada dos órgãos, o corpo fica como antes, sem qualquer deformidade. Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e sepultado normalmente.