A Doença renal crônica (DRC) consiste em alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função dos rins, com múltiplas causas e múltiplos fatores de prognóstico. Trata-se de uma doença de curso prolongado, insidioso e que, na maior parte do tempo de sua evolução, é assintomática.
Portanto, é importante reconhecer quem são os indivíduos que estão sob o risco de desenvolver a DRC, com o objetivo do diagnóstico precoce, bem como quais são os fatores de pior prognóstico, ou seja, aqueles que estão relacionados à progressão mais rápida para perda de função renal.
Segundo Rodrigo Klein, médico nefrologista da Santa Casa de Misericórdia, é justificável também considerar a DRC como parte do grupo das doenças cardiovasculares, pois já foi demonstrado em estudos que há uma associação independente entre redução de função de filtração renal e eventos cardiovasculares, internação e morte.
Outro desfecho preocupante é a perda continuada de função renal, processo patológico conhecido como progressão e que pode resultar em doença renal crônica em fase terminal, quando é necessário iniciar uma das três modalidades disponíveis de terapia renal substitutiva: hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.
Estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com o problema e pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano são atribuídas à DRC, com uma taxa crescente de mortalidade.
No Estado do Espírito Santo, de acordo com um levantamento recente feito pela Secretaria de Estado da Saúde, há mais de 2000 pacientes com doença renal necessitando de diálise.
Ainda segundo Rodrigo, o estilo de vida moderno e acelerado tem ligação direta com os principais fatores de riscos para desenvolver a doença. A obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o uso continuado de medicamentos nefrotóxicos são alguns desses.
O transplante é considerado o tratamento que resulta em melhores índices de sobrevida, qualidade de vida e custo-efetividade. No entanto, para que ele ocorra são necessários infraestrutura adequada, equipe altamente especializada, disponibilidade de doadores de órgãos, entre outros requisitos que podem representar importantes barreiras, tornando a hemodiálise e a diálise peritoneal as únicas opções viáveis.
A adoção de um estilo de vida saudável, com boa ingestão diária de líquidos, prática regular de exercícios físicos, dieta saudável, controle o peso, abandono do tabagismo e evitar remédios tóxicos aos rins, são de grande valia para prevenir ou retardar a progressão da doença.