O mês de dezembro nunca me agradou. Apesar de todas as festas, da aparente alegria, apesar de tudo, nao sei explicar, mas, a melancolia se aproxima. Talvez pelos brinquedos esperados e nao recebidos nos natais e aniversários da infância e adolescência, da lembrança dos que nao serao mais vistos, as dificuldades e tristezas de muitos, ou, pelas coisas que nao sabemos e outras que ocultamos. Dia desses, revi o filme âDólar Furadoâ, um enredo simples, na adolescência e com a inocência dos anos sessenta do século passado isso nao importava, lembro bem, no centro de Vitória, no cine Juparana, o ator Giuliano Gemma era o mocinho que fazia justiça, o cinema era ilusao e crença, coisas que no dezembro atual parecem estar bem longe.
No último final de semana estava na praia de Itapoa, Vila Velha, município canela verde, litoral mais bonito do Espírito Santo, a cidade apresenta áreas urbanizadas e locais ainda virgens das mazelas humanas. No céu, as nuvens escuras me assustaram e desisti de caminhar pelas areias da praia. Desiludido, voltei a Cachoeiro. No caminho, o vento ia afastando as nuvens e mostrava um lindo campo ensolarado. Com o passar do tempo confirmei: nem sempre o que se anuncia se concretiza. Assim, nao devemos sofrer por antecipaçao. Nao devemos deixar nossos receios e medos aflorarem. Meio século de vida foi preciso para a observaçao, tenho a impressao que nao será suficiente para mudar comportamento.
Para desfazer a tristeza e aproveitar o restante da manha do domingo, passei a admirar as árvores e os campos verdes. As árvores que purificam o ar e fornecem a sombra para o descanso, amortecem ruídos e criam a beleza. No campo, próximo a Br 101, fui admirando o Flamboyant. O vermelho das suas flores e a negritude das nuvens passadas me lembraram Stendhal com seu clássico: O Vermelho e o Negro. A história se passa no século XIX, a paixao descrita no livro me deu a certeza que o mundo é movido pelos apaixonados. Paixao dos enamorados, pelo livro, pela ciência, pelas artes, música, esporte, paixao pelo ser humano, natureza e animais. Paixao pela vida.
Ao atentar a s coisas da natureza, na sutileza das árvores e no campo, fui assistindo um dezembro diferente. Uma liberdade. Livre por momentos. O bastante para a manha. Ficou a dúvida para os dias que viriam. Nao pensei. Descobri que dezembro nao é um mês triste. Triste eu estava. Dezembro é o mês que o Flamboyant floresce. A Br 101 é toda preenchida pelo seu vermelho e na rodovia Cachoeiro-Safra começava a aparecer a Acácia, o amarelo se destaca. A Acácia do Egito antigo, árvores sagradas, sua mística permaneceu com os Hebreus e arabes. A magia da flor amarela permanece. Nao tanto quanto no vermelho do Flamboyant, que apesar de nao ser tao antiga e cultuada pelos egípcios, está eternizada na música de Raul Sampaio, em Meu Pequeno Cachoeiro.
No centro de Cachoeiro e nos bairros vao se alternando o amarelo das Acácias e o vermelho do Flamboyant, as cores fortes e vibrantes me fizeram esquecer a escuridao das nuvens daquela manha. Esquecer que no dia seguinte eu poderia nao mais ver o vermelho ou amarelo das nossas árvores.
Dr.Sergio Damiao Santana Moraes
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O mês de dezembro nunca me agradou. Apesar de todas as festas, da aparente alegria, apesar de tudo, nao sei explicar, mas, a melancolia se aproxima. Talvez pelos brinquedos esperados e nao recebidos nos natais e aniversários da infância e adolescência, da lembrança dos que nao serao mais vistos, as dificuldades e tristezas de muitos, ou, pelas coisas que nao sabemos e outras que ocultamos. Dia desses, revi o filme âDólar Furadoâ, um enredo simples, na adolescência e com a inocência dos anos sessenta do século passado isso nao importava, lembro bem, no centro de Vitória, no cine Juparana, o ator Giuliano Gemma era o mocinho que fazia justiça, o cinema era ilusao e crença, coisas que no dezembro atual parecem estar bem longe.
No último final de semana estava na praia de Itapoa, Vila Velha, município canela verde, litoral mais bonito do Espírito Santo, a cidade apresenta áreas urbanizadas e locais ainda virgens das mazelas humanas. No céu, as nuvens escuras me assustaram e desisti de caminhar pelas areias da praia. Desiludido, voltei a Cachoeiro. No caminho, o vento ia afastando as nuvens e mostrava um lindo campo ensolarado. Com o passar do tempo confirmei: nem sempre o que se anuncia se concretiza. Assim, nao devemos sofrer por antecipaçao. Nao devemos deixar nossos receios e medos aflorarem. Meio século de vida foi preciso para a observaçao, tenho a impressao que nao será suficiente para mudar comportamento.
Para desfazer a tristeza e aproveitar o restante da manha do domingo, passei a admirar as árvores e os campos verdes. As árvores que purificam o ar e fornecem a sombra para o descanso, amortecem ruídos e criam a beleza. No campo, próximo a Br 101, fui admirando o Flamboyant. O vermelho das suas flores e a negritude das nuvens passadas me lembraram Stendhal com seu clássico: O Vermelho e o Negro. A história se passa no século XIX, a paixao descrita no livro me deu a certeza que o mundo é movido pelos apaixonados. Paixao dos enamorados, pelo livro, pela ciência, pelas artes, música, esporte, paixao pelo ser humano, natureza e animais. Paixao pela vida.
Ao atentar a s coisas da natureza, na sutileza das árvores e no campo, fui assistindo um dezembro diferente. Uma liberdade. Livre por momentos. O bastante para a manha. Ficou a dúvida para os dias que viriam. Nao pensei. Descobri que dezembro nao é um mês triste. Triste eu estava. Dezembro é o mês que o Flamboyant floresce. A Br 101 é toda preenchida pelo seu vermelho e na rodovia Cachoeiro-Safra começava a aparecer a Acácia, o amarelo se destaca. A Acácia do Egito antigo, árvores sagradas, sua mística permaneceu com os Hebreus e arabes. A magia da flor amarela permanece. Nao tanto quanto no vermelho do Flamboyant, que apesar de nao ser tao antiga e cultuada pelos egípcios, está eternizada na música de Raul Sampaio, em Meu Pequeno Cachoeiro.
No centro de Cachoeiro e nos bairros vao se alternando o amarelo das Acácias e o vermelho do Flamboyant, as cores fortes e vibrantes me fizeram esquecer a escuridao das nuvens daquela manha. Esquecer que no dia seguinte eu poderia nao mais ver o vermelho ou amarelo das nossas árvores.
Dr.Sergio Damiao Santana Moraes
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